A gente vive numa busca constante por mais de Deus. Queremos sentir a presença dEle, ouvir Sua voz, ter um encontro que nos marque para sempre. Corremos para os cultos, participamos de conferências, mergulhamos em livros e orações, tudo na esperança de nos aproximarmos de Jesus. Mas e se, em toda essa nobre busca espiritual, a gente estivesse procurando no lugar errado? E se estivéssemos passando por Ele todos os dias, na rua, no trabalho, na nossa vizinhança, sem sequer perceber? A resposta para isso está ligada ao verdadeiro significado da palavra “Igreja”.
Esquecemos o que “Igreja” Realmente Significa

Nós dizemos: “Vou à igreja”. Mas essa frase, por mais comum que seja, revela um desvio sutil do plano original. No Novo Testamento, a palavra grega para Igreja é ekklesia. E ela nunca, jamais, se referiu a um prédio. Ekklesia é a junção de duas palavras: ek, que significa “para fora”, e kaleo, que significa “chamar”. A Igreja, portanto, não é um clube de santos que se reúne num lugar fixo; é uma assembleia de pessoas que foram “chamadas para fora”.
Na Grécia antiga, a ekklesia era a assembleia de cidadãos chamados para fora de suas casas para cuidar dos assuntos da cidade na praça pública. Os primeiros cristãos adotaram esse termo com uma força explosiva: somos os cidadãos do Reino dos Céus, chamados para fora do mundo e de nossas vidas privadas para sermos a presença de Cristo lá fora, onde a vida real acontece. A Igreja não é um aquário onde nos escondemos; é um exército que é enviado. Entender isso muda tudo.
A Grande Surpresa no Dia do Juízo
É com essa mentalidade de “chamados para fora” que a parábola de Jesus em Mateus 25 ganha um brilho ainda mais intenso. Ele descreve o Filho do Homem em Sua glória, separando as nações como ovelhas e bodes. E a surpresa é geral. As “ovelhas”, os justos, são elogiadas por terem cuidado do Rei quando Ele teve fome, sede e esteve preso. E a reação deles é de pura confusão.
“Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?” (Mateus 25:37-39). Eles não tinham uma planilha de boas ações. Eles simplesmente viveram sua identidade de ekklesia de forma tão natural que nem perceberam o impacto eterno de seus atos. O serviço não era um evento no calendário; era o seu estilo de vida.
O Cristo “Disfarçado” no Meio de Nós

É na resposta de Jesus que a missão da ekklesia se encontra com o coração do Evangelho. Ele declara: “Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 25:40). E para o outro grupo, o veredito é igualmente pessoal: “o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, a mim o deixaram de fazer” (Mateus 25:45).
Jesus se identifica de forma radical e inseparável com o necessitado. Ele, o cabeça da ekklesia, está presente no corpo sofrido da humanidade. Isso significa que, quando a Igreja (o povo) sai para o mundo, ela não vai para “levar” Jesus a um lugar onde Ele não está. Ela vai para encontrar Jesus naquele que já está lá, disfarçado no faminto, no sedento, no estrangeiro. O serviço deixa de ser uma atividade religiosa para se tornar um encontro real com o nosso Rei.
Uma Fé com Mãos e Pés: A Missão da Ekklesia
Agora tudo se conecta. Os “bodes” da parábola falharam não porque perderam um culto, mas porque abandonaram sua missão como ekklesia. Eles talvez estivessem confortáveis dentro de suas sinagogas e rotinas, mas se tornaram indiferentes ao chamado “para fora”. O pecado deles foi a omissão, a fé que nunca se tornou ação.
Como diz Tiago, uma fé sem obras é morta. Uma ekklesia que não se move para fora, que não serve, que não suja os pés nas ruas, é uma contradição. Ela se torna apenas um clube social com uma boa playlist, e não o corpo vivo de Cristo no mundo. Nosso chamado para fora é precisamente para encontrar o Cristo que está lá fora, esperando por nós na pessoa do nosso próximo.
Que Tal Orar Agora?
A verdadeira vida da Igreja não pulsa mais forte nos grandes congressos, mas no serviço silencioso e diário de seu povo espalhado pelo mundo. A busca por Jesus nos leva, inevitavelmente, para fora das portas do templo e em direção ao outro. Que tal, hoje, pedir a Deus para alinhar seu coração com o verdadeiro significado de ser Igreja?
Ore assim: “Senhor, perdoa-me por todas as vezes que pensei que ‘ser Igreja’ era apenas ir a um lugar. Revela-me o meu chamado como parte da Tua ekklesia, os ‘chamados para fora’. Abre os meus olhos para Te ver nos rostos que encontro, quebra a minha indiferença e me envia. Que a minha fé não seja apenas de ouvir, mas de fazer, com mãos que servem e pés que vão ao encontro do necessitado. Eu quero Te encontrar hoje, Senhor, no meu irmão.”
“Como a ideia de que somos a ‘ekklesia’ (os chamados para fora) muda a sua forma de ver o serviço e a sua comunidade? Compartilhe nos comentários!”