O Fogo que nos Falta e o Inferno que se Enche

Você já parou para pensar que a temperatura da sua vida espiritual pode ter a ver com o destino eterno de alguém? É uma pergunta desconfortável, daquelas que a gente prefere não fazer. Falamos muito sobre o amor de Deus, sobre a graça, sobre o céu. Mas e sobre o inferno? E se a razão pela qual tantos caminham para lá não for apenas a escuridão do mundo, mas a frieza da igreja? O pregador Leonard Ravenhill dizia que uma igreja sem o fogo do Espírito é a maior aliada do inferno. E essa verdade precisa nos confrontar hoje.

A Conexão Inconveniente: Nosso Conforto e a Condenação Deles

É fácil nos acostumarmos com um cristianismo seguro e confortável. Nossos cultos são organizados, nossas músicas são bem ensaiadas, nossas vidas são, na maior parte, previsíveis. Mas a igreja que nasceu em Atos era tudo, menos previsível. Ela era poderosa, disruptiva e cheia do Espírito Santo. Jesus não disse aos discípulos para irem fazer um bom trabalho. Ele disse: “receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas” (Atos 1:8). O poder não era para benefício próprio, para uma experiência mística isolada. Era para um propósito: ser testemunha. Uma testemunha eficaz, que convence, que liberta, que aponta o caminho. Se esse poder está ausente, nossas palavras sobre Jesus se tornam apenas um discurso religioso entre tantos outros. Nosso conforto espiritual pode estar custando a eternidade de nossos vizinhos, amigos e familiares. A ausência de fogo em nós pode significar a ausência de uma rota de fuga do fogo para eles.

A Pergunta de Ravenhill que Ainda nos Assombra

Leonard Ravenhill foi um profeta para sua geração, um homem que queimava com uma urgência que perdemos. Ele não culpava o mundo por ser mundano; ele apontava para a igreja por não ser celestial. Ele olhava para o nosso cristianismo confortável e fazia perguntas cortantes, que ecoam até hoje. Uma delas era, em essência: “A sua vida cristã vale a pena o sangue de Cristo e a vinda do Espírito Santo?”. Pense nisso. O Pentecostes não foi um evento pequeno. O céu enviou o seu Fogo, o próprio Espírito, para habitar em nós. E para quê? Para vivermos vidas mornas, sem paixão, sem urgência, sem um fardo pelos perdidos? Ravenhill lamentava que a igreja tinha deixado o “útero da oração” se tornar estéril, e por isso não havia mais “nascimentos” espirituais. A verdade dura, segundo ele, é que o mundo não está ouvindo a igreja, porque a igreja não está ouvindo a Deus. E uma igreja que não ouve a Deus não tem nada relevante a dizer para um mundo que caminha para a perdição.

O Antídoto para a Frieza: Um Coração em Chamas

Se o problema é a falta de fogo, a solução não está em mais programas, mais eventos ou mais estratégias. O antídoto é o próprio Fogo do Espírito. Mas como recebê-lo? Não se trata de uma fórmula mágica, mas de uma busca desesperada. Começa com a profunda convicção do nosso próprio pecado e da nossa frieza. É reconhecer nossa nudez espiritual e clamar por cobertura. Esse fogo é nutrido por uma vida de oração que vai além da lista de compras do supermercado; é uma oração que luta, que chora, que se importa com o que Deus se importa. É uma paixão genuína pelas almas, que nos faz olhar para as pessoas não como estatísticas, mas como ovelhas sem pastor, caminhando para um abismo. A Bíblia nos ordena: “enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18). Isso não é uma sugestão. É um comando no tempo presente contínuo. Se não estamos nos enchendo do Espírito, estamos, inevitavelmente, nos enchendo de outras coisas: entretenimento, ego, ansiedade, opiniões… e tudo isso apaga o fogo.

Não é Sobre Culpa, é Sobre Responsabilidade

O objetivo dessa reflexão não é nos paralisar com culpa, mas nos despertar com um senso de responsabilidade. Nós não salvamos ninguém; Cristo é o único Salvador. No entanto, em Seu plano soberano, Ele escolheu usar vasos de barro, pessoas falhas como nós, para levar as boas novas. Como Paulo pergunta em Romanos 10:14: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue?”. Nossa frieza interrompe esse canal. Nosso silêncio é ensurdecedor para quem precisa ouvir. Nossa falta de poder faz com que a mensagem mais importante da história pareça apenas uma filosofia interessante. O fogo em nós não é para nos aquecer, mas para iluminar o caminho para outros e incendiar seus corações com a verdade de Cristo. A escolha é nossa: ser termostato, que muda a temperatura do ambiente, ou ser termômetro, que apenas reflete a frieza ao redor.

Que Tal Orar Agora?

Respire fundo e, com sinceridade, ore: “Pai, perdoa a minha frieza, meu conforto e minha indiferença com aqueles que caminham para longe de Ti. Perdoa-me por ter me acostumado com um evangelho sem poder. Acende em mim, de novo, o fogo do Teu Espírito. Troca o meu coração de pedra por um coração que queima de amor por Ti e pelas almas. Quebra a minha rotina e a minha autossuficiência. Usa-me, Senhor, como um canal do Teu poder e da Tua graça. Que a minha vida seja uma chama que aponta para a Luz do Mundo. Em nome de Jesus, amém.”

Como podemos, na prática, sair da mornidão e buscar esse fogo do Espírito em nosso dia a dia? Compartilhe uma atitude ou disciplina que te ajuda a manter o coração aquecido por Deus!

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